14 de setembro de 2009

A Chuva

O amarelo queima o azul-marinho, que voa até o azul-celeste, suicidando-se transparentemente, penetrando o marrom, sugado pelo verde, comido pela moça cor-de-pele, transformando-se em energia incolor, espera.
Espera.
De tanto querer ser cor, foge pelos olhos verdes que, tristes, enxergam cinza a lágrima ser roubada pela mão desconhecida, de palma branca aberta e costas morenas queimadas por aquele mesmo amarelo.
Espera.
Ela finalmente abre os dedos de pétala e é regada pela ex-lágrima que pousou na mão portuária dele. As linhas-da-vida inundam-se juntas como ruas secas que viram lagoa e encontram-se como lagoas que viram mar.
Ela, já sem enxergar cinza, já sem esperar cor, aflora:
– Me chamo Rosa








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Ricardo Esquina





A Chuva caiu em um lixo vazio que, na hora, me pareceu uma caixa de correio que só entrega cartas aos pobres.

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